"Todo dia morre uma criança no Rio Grande do Norte por falta de UTI pediátrica". A afirmação é do diretor superintendente do Hospital Infantil Varela Santiago, Paulo Xavier. A triste constatação do médico se deve ao fato de o hospital - referência no atendimento às crianças - contar com apenas nove leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ter que adiar temporariamente diversas cirurgias neurológicas, por exemplo, por falta de leitos na unidade intensiva.
Rio Grande do Norte possui apenas 29 Unidades de Terapia Intensiva pediátricas; fila de espera, somente no Varela Santigo, é de 32 crianças Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press |
A deficiência no número de leitos da UTI pediátrica sentida diariamente pelos profissionais do Hospital Infantil Varela Santiago é reflexo do déficit desse tipo de estrutura hospitalar no Rio Grande do Norte, que conta com apenas 29 leitos quando o ideal seria entre 110 e 120, de acordo com o Ministério da Saúde.
O cálculo que determina a quantidade de leitos de terapia intensiva pediátrica leva em consideração o número de crianças e adolescentes com até 19 anos que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2009, é de aproximadamente um milhão e 90 mil no Estado. Fatores como quantidade de gestantes e número de nascimentos também são levados em conta para calcular a necessidade de leitos de terapia intensiva em cada cidade ou estado.
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte fez um levantamento e constatou que, dos 29 leitos de UTI's pediátricas existentes no estado, 19 estão nos hospitais da rede pública específicos ao público infanto-juvenil: Varela Santiago (9) e Maria Alice Fernandes (10). A rede privada conta com 10 leitos, sendo sete no Papi e três no Hospital Antônio Prudente.
Na avaliação do presidente da Sociedade de Pediatria do RN, Nivaldo Sereno de Noronha Júnior, a crescente demanda por UTI pediátrica no estado está diretamente ligada à deficiência da atenção básica. "Se essas crianças estivessem sendo acompanhadas da forma adequada, provavelmente não chegariam à UTI por motivo de doença como ocorre atualmente. Talvez esses profissionais estejam despreparados para atender crianças, porque a maioria delas precisa de UTI e é por problema de saúde e não por fatalidade ou acidente", analisa o médico.
Com o objetivo de minimizar a demanda em busca por leitos na UTI do Varela Santiago e nos outros hospitais do estado, o presidente da Sociedade de Pediatria do RN defende a implantação de UTI's pediátricas em outras cidades do RN. "O ideal era que cada microrregião tivesse esses leitos nas cidades onde estão instalados os hospitais regionais. Se essas unidades funcionassem como deveriam e tivessem estrutura para atender não haveria tanta criança na fila esperando uma vaga em UTI's", destaca Nivaldo.
Fonte: DN
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