"Longe de casa, há mais de uma semana...". A Citação é de uma música da banda Blitz, sucesso nos anos 80, mas a frase faz todo sentido para a vida de muitos jovens que deixam suas casas e partem para outras cidades em busca da formação superior.
Adolescente, nunca saiu de casa, de família pobre e recém-formada no ensino médio de uma escola pública com qualidade de ensino questionável: Faltam professores, faltam carteiras, falta o incentivo para estudar. Ainda assim a busca pelo conhecimento e por uma profissão persiste. O desejo de ingressar na universidade é grande, mas a cidade em que mora não oferece o curso que deseja. Mesmo assim não desiste, faz vestibular, conquista a vaga em uma universidade pública de outra cidade. E agora? Onde morar?
Esse é o perfil da maioria dos jovens que vivem em residências universitárias. Eles precisam passar por uma seleção com várias etapas, apresentar comprovantes de baixa renda e disputar entre outros com o mesmo perfil por uma vaga na residência universitária. Conquistada a vaga, os pais auxiliam na alimentação e pronto. Tudo Resolvido. Certo?
Essa pode ser a primeira impressão de quem consegue uma vaga em uma residência universitária. Mas, ao encarar a realidade, a constatação é outra. E bem diferente.
"Tem gente que chega aqui, quando olha, volta do portão", diz Alex Calixto, estudante do 8° período de curso de Radialismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Alex é natural de Patu, pequena cidade da região Oeste do estado, e mora na residência universitária desde quando ingressou no curso.
"Quem está aqui é porque precisa e tem coragem. Quem tem como se virar de qualquer outra forma vai embora. A gente vem de cidade pequena, precisa, vem em busca de estudo e trabalho, quando chega aqui é isso que encontra", disse Alex.
"Quando alguém toma banho, a água do banheiro escorre pelo quarto, fica tudo encharcado, tem que limpar tudo", conta o estudante Petrônio Andrade, que mora na residência masculina 2.
"Faltou gás e a Uern não deu mais. A gente está há 4 dias sem ter como cozinhar. Quem pode sai para almoçar na rua vai, quem não pode come bolacha", contou a estudante Natália da Silva, que mora na residência feminina 1.
"Aqui não tem sala de estudos. A casa é muito grande, mas não tem um lugar específico. A gente improvisou um quarto que fica nos fundos da casa, onde era um depósito, e estuda lá, mas só pode ser durante o dia, porque à noite não tem segurança. A porta é quebrada, as janelas não fecham direito e o muro é baixo, qualquer um pode entrar aqui", falou Micaela Lucena, que mora na residência feminina 2.
Só os relatos dos estudantes já seriam suficientes para se ter uma ideia das dificuldades que eles passam. Entretanto, os problemas vão muito além.
Cada uma dessas casas têm suas dificuldades, mas em todas os principais problemas são os mesmos.
Infiltrações, vazamentos, colchões velhos, falta de segurança, rede elétrica precária, paredes desgastadas, portas quebradas e a revolta de quem vive nessas condições são similares nas cinco residências disponibilizadas pela Uern.
Fonte: Defato
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